Depósitos a prazo para crianças. Poupança que cresce devagar, muito devagar
Quase na véspera do Dia da Criança, o i fez uma ronda pela oferta dos depósitos a prazo destinados aos mais novos
Corria o ano de 1950 quando a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo. O dia foi comemorado, pela primeira vez, a 1 de Junho desse ano. Hoje, 61 anos depois, o Dia Mundial da Criança continua a ser assinalado em todo o mundo e nem sequer aos bancos a operar no mercado nacional passa despercebido.
Quase nas vésperas de 1 de Junho, o i fez uma ronda pelas ofertas financeiras destinadas aos mais pequenos para saber a que ponto são compensadoras. A oferta é variada e há produtos praticamente para todos os gostos. O desafio é escolher o melhor.
A verdade é que as instituições bancárias apresentam múltiplas soluções destinadas aos mais novos, das contas à ordem e dos depósitos a prazo aos seguros de capitalização. E nesta altura reforçam a sua aposta na captação de poupanças dos juniores, que seduzem com brindes, consolas e bolas de futebol, entre outros. O Banco Espírito Santo, por exemplo, oferece um mealheiro, desenhado por Agatha Ruiz de la Prada, apadrinhado por Cristiano Ronaldo.
No entanto, uma análise às propostas dos cinco maiores bancos nacionais - CGD, BCP, BES, BPI e Santander Totta - mostra que, apesar de serem mais as diferenças que as semelhanças, há um ponto em comum: o juro oferecido é "miúdo". Ou seja, constituir um pé-de- -meia para crianças não rende mais que os produtos a prazo convencionais do mercado, normalmente associados aos graúdos.
A taxa de remuneração destes produtos não permite que as poupanças cresçam tanto quanto os slogans anunciam. Ainda assim, na actual conjuntura económica e financeira e com o futuro cada vez mais incerto, poupar é a palavra de ordem e ensinar aos mais novos a importância do aforro é sinónimo de educação financeira. Mas, não se esqueça, é essencial, para uma escolha acertada, comparar as várias ofertas de mercado.
Os prazos, os montantes mínimos e máximos de subscrição, os reforços e as taxas de juro variam consoante o produto. A taxa de remuneração, por exemplo, oscila entre 0,35% no Banco Espírito Santo e 3,013% na Caixa Geral de Depósitos (ver caixas). Em termos líquidos - após a dedução fiscal de 21,5% sobre os juros -, as soluções analisadas apresentam um retorno entre 0,28 e 25 euros.
Os depósitos a 12 meses tradicionais estão a ser mais bem remunerados. De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, os bancos nacionais estão a oferecer uma taxa média superior a 3%. No entanto, o melhor depósito a um ano, segundo a escolha da Associação de Defesa do Consumidor, rende 3,7% líquidos.
A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) aconselha os consumidores a pedirem a taxa líquida, uma vez que permite comparar os produtos com prazos diferentes e líquidos de imposto. A análise da rentabilidade tem, no entanto, de ser conjugada com o prazo. Isto porque, por exemplo, o Primeiro Depósito Jovem, do Santander Totta, com um juro bruto de 2% (1,57% de taxa líquida) é uma solução a três meses e não pode ser renovado, o que poderá não ser uma boa opção para quem pretende uma poupança até, por exemplo, à maioridade da criança.
Os depósitos a prazo estão normalmente associados a contas à ordem para as crianças. Estas podem ser as únicas titulares, embora os pais ou tutores tenham autoridade para as movimentar. Além disso, os valores mínimos para abertura dos depósitos variam. O mínimo exigido no depósito Cresce e Aparece do BCP é de 25 euros, enquanto a CGD apresenta o valor mais elevado, 250 euros.
Estes produtos distinguem-se ainda por admitirem ou não reforços mensais e por permitirem a acumulação do juro ao capital, ou seja, a capitalização. Regra geral, os produtos que permitem a mobilização total ou parcial penalizam o cliente. O BPI, por exemplo, é uma excepção.
Assim, se está a pensar aproveitar este Dia da Criança para constituir um depósito a prazo ou uma conta-poupança, analise e compare as várias ofertas de mercado. A escolha do melhor produto deve ter em conta o risco do produto, a rentabilidade e a liquidez (ver as dicas ao lado).
No entanto, se pretende investir em produtos com taxas de remuneração mais atractivas, o melhor será optar por outro tipo de ofertas, que não têm como público-alvo as crianças. É o caso, por exemplo, dos certificados do Tesouro, que apresentam juros mais elevados.
fonte:http://www.ionline.pt/c